Já comentei sobre os grandes
contadores de histórias e o quanto eles são importantes, sobretudo para os
leitores amantes. Talvez Shakespeare tenha sido o autor cujos textos mais foram
adaptados para teatro, cinema e mini-séries ao longo dos séculos, com versões e
releituras no mundo inteiro, como no último filme que vi sobre Hamlet,
totalmente adaptado aos dias atuais. Tolstoi, Dostoiévski, Balzac, Wilde, Zola,
Hemingway, Capote e uma infinidade de autores de grandes clássicos tem suas
melhores histórias, verdadeiros clássicos, reproduzidas em inúmeros formatos.
São autores que em seu tempo contaram como ninguém, histórias que envolviam a
essência do humano e justamente pela universalidade e atemporalidade dessa
essência, são recontadas até os dias de hoje e talvez nunca deixem de ser contadas
enquanto houver humanos sobre a Terra.
Resolvi dedicar este post a um
escritor contemporâneo, que certamente é mais conhecido mundialmente por sua
obra do que por sua personalidade, e que
em minha opinião, arrastou multidões às livrarias e salas de cinema pela
qualidade de suas histórias : Michael Crichton. Médico formado em Harvard, Crichton
sempre se dedicou à literatura e a roteiros cinematográficos - é dele a série
Plantão Médico, que tanto sucesso fez antes do Dr. House e que catapultou
George Clooney no panteão de estrelas de Hollywood.
Suas obras mais conhecidas são,
sem dúvida: Jurassic Park, O Grande Roubo do Trem, Sol Nascente, Revelação, Linha do Tempo ,
todos eles adaptados para o cinema com grande sucesso. O que distingue Crichton
de outros autores, é a versatilidade de transitar sobre os mais diversos
assuntos, todos ligados à questões atuais, mesclando uma pesquisa extremamente
bem feita com sua capacidade imaginativa, que combinados, geram um romance
lúdico e didático – o que não é muito comum. Penso que se pode gostar ou não de seus
romances, mas dificilmente se sai de um deles sem ter aprendido algo sobre um
tema relevante ou no mínimo ficar instigado a conhecer mais sobre o mesmo. Li todos os seus romances publicados no Brasil e o classifico como um ótimo contador de histórias.
Como qualquer autor, Crichton produziu obras que obtiveram menor repercussão, mas nem por isso deixam de ser extremamente interessantes e provocativas : “Estado de Medo”, publicada 4
anos antes de sua morte (2008 aos 66 anos), é uma destas obras e pela abordagem
que faz, é compreensível não ter recebido muito destaque. O tema central do
livro é a Indústria do Ambientalismo Radical, e de como a ciência, mais do que
nunca, está a serviço de interesses políticos, que servem de filtro na seleção
das verdades científicas que serão apresentadas ao grande público. A partir do
fantasma do Aquecimento Global, Crichton desenvolve uma trama envolvente que
traz a público dados reais (eu verifiquei estes dados nos sites oficiais da
NASA e vários outros que contém arquivos de medições de temperatura de várias
partes do globo, nos últimos 100 anos e eles são verdadeiros segundo estas
fontes) e que coloca em causa, dois aspectos importantes desta questão :
1) É verdade que a Terra está
aquecendo ? Os dados GLOBAIS corroboram esta tese ao longo de uma série
histórica relevante ?
2) Qual o papel da ação humana neste cenário ?
Sendo este cenário verdadeiro, é possível ser evitado ou faz parte de ciclos terrestres
que independem da vontade humana ?
Apenas como exemplo, na pesquisa
do autor, para as primeiras questões colocadas, podemos verificar que a Terra
está aquecendo em algumas regiões e esfriando em outras, na média está
esfriando. A segunda questão é mais surpreendente : um dos fatores que mais
contribuem para o aquecimento da atmosfera, de longe, são as chamadas “ilhas de
calor ”, produzidas pelos aglomerados de pessoas vivendo de forma concentrada
em cidades cada vez mais apertadas, com maiores áreas de construção : sim, o bom
e velho “calor humano”, aquece também a atmosfera! Os combustíveis fósseis e
seus derivados (inclusive as sacolinhas plásticas), são responsáveis por uma
parte infinitesimal do processo de aquecimento atmosférico. A quantidade de
gente é o maior problema : quanto mais gente, mais plantações, mais vacas (que
produzem 25% do metano na atmosfera do planeta), mais consumo, mais dejetos. Daí
vem a pergunta : Se o problema maior é a quantidade crescente e a concentração
de pessoas, porque não existem políticas e metas para redução da natalidade,
através da educação e conscientização em escala global, bem como uma melhor
distribuição regional e consumo mais equilibrado? Por que mal se fala nisso, ao
passo que os combustíveis e os plásticos são manchetes diárias? A quantidade de
entidades, ONGs, autarquias, ministérios, empresas que se dedicam à
sustentabilidade são elas próprias consumidoras de recursos preciosos,
geradoras de dejetos e inúteis por sua própria natureza. : não possuem força para frear países como
China e Estados Unidos, mesmo naquilo que alegam ser os vilões ambientais.
O livro mostra como os temas são
escolhidos politicamente para depois serem “comprovados” por cientistas através
do controle de verbas para pesquisa. Em resumo, a ciência deixa de ser um
instrumento de busca da verdade para ser um “aval crível” para uma afirmação
política, com interesses exclusivamente econômicos e de controle das massas
através da constante MEDO : O humano
vive sob constante ameaça, 24 horas por dia e, amedrontado por sua vulnerabilidade,
necessita e anseia por um governo que o proteja, que tome decisões por ele. Por
outro lado, indústrias altamente poluidoras continuam sua trajetória, sob a
égide do crescimento econômico contínuo. Nunca se vê um país que, sensibilizado
pela “crise ambiental” promova um Programa de Desaceleração do Crescimento –
talvez o único remédio eficaz para preservar o meio ambiente por um pouco mais
de tempo. Digo “um pouco mais de tempo”,
pois é uma infantilidade pensar que a Terra foi criada para satisfazer as
necessidades humanas – os grandes terremotos e tsunamis, as erupções vulcânicas
e as eras glaciais já provaram isto muito antes do homem imaginar o que era
combustível. Enfim, o alerta que o livro lança e faz refletir, não se esgota no ambientalismo mas no mal uso da ciência, cujo critério único deveria ser a busca da verdade.
"ESTADO DE MEDO" - Michael Crichton - Editora Rocco - 623 páginas.
Destaque para os comentários do autor no final do livro e das fontes de referência que consultou em sua pesquisa.
Infelizmente, estamos vivendo uma das péssimas escôlhas do ser humano que é a ganância. A vida simples e boa, deixou de ser uma busca do humano que se encantou com o lixo exibicionista dos balagandãs estriônicos.Sêr, deixou de ser para se tornar TER e essa inversão de propósitos é que liquidará com os humanos. Quanto ao planeta, poderá continuar girar no espaço sem essa praga urbana chamada humanidade!
ResponderExcluirApenas completando meu comentário anterior, creio que o problema do excesso de gente no planeta, significa apenas aumento de consumidores para as empresas e governos ganânciosos, mesmo que custe o fim da nossa morada, a terra. As sacolinhas são apenas "firulas" para demonstarem que se importam, mas garanto que alguém esta levando nessa. Em vários aspectos a sociedade melhorou se comparada a cem anos atrás, mas em outros tantos,piorou e muito e essa piora será em breve o fim. Congratulações a seu comentário!
ResponderExcluirPois é...é tudo isso, mas o que mais nos deixa sem saída é quando a ciência perde seu objetivo de buscar e revelar a verdade e vira arma de doutrinação política, sempre a serviço da economia. Quando isso acontece, o próprio povo, mal informado que é, usa o argumento científico para atacar a si próprio, defendendo com fúria insana aquilo que grupos econômicos e políticos querem que seja defendido e ignorando aspectos que são realmente importantes, como a questão da super-população, apenas para citar um exemplo. São capazes de agredir quem puxa um cigarro perto deles (afinal o Drauzio Varela assinou em baixo da campanha)e são totalmente inertes com a atitude da Petrobrás de manter o diesel que alimenta a frota de ônibus, caminhões e alguns carros com níveis de chumbo várias vezes acima do padrão aceitável por anos a fio - o governo jogou a solução para 2014 ou 2016. Até lá os paulistanos já terão inalado esse veneno maciça e diariamente e não há nenhum cientista, mídia ou grupo de manifestantes protestando contra isso. O cidadão não percebeu que é uma verdadeira marionete nas mãos do poder público com suas ações esquizofrênicas que visam apenas manter os níveis de aprovação e consequentemente o poder e que nas últimas décadas vem se apoiando nos famosos "estudos científicos" : é incentivado a comprar carro e depois é taxado, multado e combatido pelo próprio governo e pela população hostil; é estimulado a consumir e depois combatido e penalizado pelo consumo através dos altos juros que paga, pela baixa qualidade de produtos e serviços e pela falta de representatividade diante dos grupos econômicos que o prejudicam (bancos, teles, etc), acusado de produzir lixo em excesso e privado de embalagens para levar suas compras; é estimulado a estudar e depois de anos de sacrifício, o próprio governo que autorizou o funcionamento da instituição de ensino, divulga que ela não presta e que sua formação e seu diploma não valem o papel em que foi impresso. Infelizmente o patrocínio tem acabado com a verdadeira pesquisa científica, pois as pesquisas dependem de dinheiro e o dinheiro jamais é isento, como pede a metodologia da boa ciência.
ResponderExcluirConcordo plenamente com tudo o que escreveu, principalmente no que diz respeito à CIÊNCIA, que deveria ser totalmente isenta por se tratar de uma senhora respeitável que deveria estar além das mazelas governamentais e principalmente empresariais. Os VENDIDOS deste páis, deveriam ser deportados para o deserto, pois lá talvez não tenha o que negociar. Vamos continuar apontando, porque se ninguém se importa, nada muda!!!!
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